Há dias, num jantar entre o íntimo e o casual, preencheram a minha ficha de leitura e, peremptoriamente, indicaram-me o meu lugar. Não virias a saber, mas aquele gesto apontava para a tua estante, cheia de alemães dos séculos idos e de gente que dificilmente lerei.
Vinha esta catalogação condicionada pelo contexto, o meu e o teu, o nosso, e não por decisão imparcial (se é que isso poderia alguma vez existir) do meu interlocutor.
Fiquei desconfortável, soube que seria esse o jeito que encontrarias para me manter em ponto-de-rebuçado, e depois não consegui lembrar-me onde te tinha posto, procurei durante 30 e mais alguns segundos, pousei os talheres, cotovelos na mesa, mais umas colcheias da música de fundo, a luz que não era branca a atrapalhar-me, a memória fotográfica em analepse.