©Lucy Pepper
Depois de ter chegado ao local de trabalho num instantinho (porque não apanhei nenhuma manifestação de indignados-não-se-sabe-bem-com-quê-nem-com-quem, daquelas que não deixam o pessoal-realmente-trabalhador-socialista-voto-sócrates-pois-então chegar a horas ao trabalho), passei em revista o meu fim-de-semana (que, diga-se de passagem, também acabou num instantinho) e a primeira imagem que apareceu na memória, com ecrã luminoso a piscar, foi a das batas. Batas por todo o lado.
Juro (que eu seja obrigada a vestir uma durante um dia inteirinho se for mentira): há um revivalismo da bata portuguesa, um fenómeno que ganha cada vez mais força e que está a contaminar as gerações mais novas. Este fim-de-semana, entre os passeios por Torres Novas, a velha morada minderica e outras paragens que se estendem num raio de trinta quilómetros, avistei muitas mulheres com a extraordinária indumentária (rimou): avós, mães e... filhas. Sim, meus caros. Jovens inconscientes, algumas na pré-adolescência, outras já muito casadoiras, todas orgulhosamente envergando o traje. Para todos os gostos, as batas apareciam às bolas, às riscas, às florinhas... Atadas à frente, com nódoas, imaculadas... E eu, meu Deus, eu senti-me completamente old fashioned.
[Na imagem, ilustração de Lucy Pepper]